Poema 2022 / 3
15 janeiro 2022
Descobri
que estava a fazer poesia
quando, ainda menino, disse palavras
mágicas para flores que mantiveram
seu silêncio
como
anjos que me vigiavam.
Quando
desenhei luas e estrelas
no
vão das conversas.
Quando, para iluminar a sombra da noite,
imaginei vestir-me de vagalume.
Quando construí um voo de pedra
sobre o lugar em que estavam
nossos frágeis sonhos.
Quando mergulhei nas águas rasas
dos ribeiros e me encontrei nas
águas profundas do pensamento de menino.
Quando me deixei ser ensinado por
pássaros e aves nas tardes à beira dos rios.
Quando o tamanho do mundo não
importava diante da presença da amada.
Quando uma palavra da amada
era mais bonita que um vaso de flor
na janela.
Agora eu sei. Sou poeta quando no
território da dor, no atrito do açoite,
ainda
percorro os passos da infância.
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