quarta-feira, 19 de janeiro de 2022


Poema 2022 / 3

15 janeiro 2022

Descobri que estava a fazer poesia

quando, ainda menino, disse palavras 

mágicas para flores que mantiveram 

seu silêncio

como anjos que me vigiavam.

 

Quando desenhei luas e estrelas

no vão das conversas.

 

Quando, para iluminar a sombra da noite, 

imaginei vestir-me de vagalume.

 

Quando construí um voo de pedra 

sobre o lugar em que estavam 

nossos frágeis sonhos.

 

Quando mergulhei nas águas rasas 

dos ribeiros e me encontrei nas 

águas profundas do pensamento de menino.

 

Quando me deixei ser ensinado por 

pássaros e aves nas tardes à beira dos rios.

 

Quando o tamanho do mundo não

importava diante da presença da amada.

 

Quando uma palavra da amada 

era mais bonita que um vaso de flor 

na janela.

 

Agora eu sei. Sou poeta quando no 

território da dor, no atrito do açoite, 

ainda percorro os passos da infância.

 

 

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