sábado, 22 de janeiro de 2022

 


Poema 2022 / 5

22 janeiro 2022

Quando digo poema,

digo amor,

digo fé,

digo isto e aquilo,

digo tudo e quase nada,

digo estou aqui,

digo venha me conhecer.

 

Digo que o poema deve permanecer.

 

Quando digo poema, digo que a esperança dever continuar.

 

Digo que aprendi a colher frutos desde cedo,

digo que aprendi a buscar flores por entre pedras,

digo que aprendi a nomear coisas esquecidas.

 

Quando digo poema,

digo que preciso continuar a regar o jardim,

digo que aguardo

a luz,

a sombra,

a janela,

a fresta,

Digo que, desde manhã,

aguardo  o sinal aberto

de tua chegada.


 


Poema 2022 / 4

19 janeiro 2022

Quando estou a inventar

o poema

fico como ave

imaginando o voo.

Antevejo o salto;

sinto o ar na pele.

 

Desejo o sabor do vento.

 

Solto indagações antigas;

busco coisas esquecidas;

recrio o som da manhã.

Passo a amar os mimos

do jardim do éden.

Canto, em silêncio,

palavras floridas.

Esculpo nomes bonitos

na areia.

Sondo segredos nos frutos

de cada sílaba.inventada.


quarta-feira, 19 de janeiro de 2022


Poema 2022 / 3

15 janeiro 2022

Descobri que estava a fazer poesia

quando, ainda menino, disse palavras 

mágicas para flores que mantiveram 

seu silêncio

como anjos que me vigiavam.

 

Quando desenhei luas e estrelas

no vão das conversas.

 

Quando, para iluminar a sombra da noite, 

imaginei vestir-me de vagalume.

 

Quando construí um voo de pedra 

sobre o lugar em que estavam 

nossos frágeis sonhos.

 

Quando mergulhei nas águas rasas 

dos ribeiros e me encontrei nas 

águas profundas do pensamento de menino.

 

Quando me deixei ser ensinado por 

pássaros e aves nas tardes à beira dos rios.

 

Quando o tamanho do mundo não

importava diante da presença da amada.

 

Quando uma palavra da amada 

era mais bonita que um vaso de flor 

na janela.

 

Agora eu sei. Sou poeta quando no 

território da dor, no atrito do açoite, 

ainda percorro os passos da infância.

 

 

 

Poema 2022 / 2

7 janeiro 2022

 

O primeiro encanto,

meu primeiro poema,

foi quando a professora

fez mágica com as letras,

aquilo foi a primeira poesia

que me lembro.

Não me lembro

da professora, de seu nome,

nem da cor de seu cabelo,

de nada, mas da mágica

das letras, isto me lembro.

Também foi quando

a aritmética fez o que

parecia ser bonito

ao somar 1+1;

foi quando a geografia

fez surgir outras terras

além das fronteiras

que nem sabia que existiam.

 

O segundo encanto,

agora a poesia assume construção,

foi quando você surgiu

na minha paisagem e

naquele momento soube

que a conhecia antes de vê-la.

Foi quando soube

que toda poesia residia

em vê-la feliz em meus sonhos .

Então o poema tornou-se concreto,

construído com o leve toque

de suas mãos; com um breve sorriso seu.  

Ali estava toda mágica que

a gramática, a aritmética, 

e a geografia me encantaram

desde o início.


 


Poema 2022 / 1

5 janeiro 2022

Peço.

Os ouvidos querem música,

a alma quer poesia,

a vida pede esperança,

os dias pedem luz.

 

O poema pede flor.

 

Eu. Eu peço o privilégio de acreditar.

Peço um pouco de paciência.

Porque, às vezes,

temo o silêncio como resposta.