sexta-feira, 4 de agosto de 2017

                                         

A outra fala do poema -         Desenho meu em guache sobre papel- 1976

Como ainda procurasse
a outra margem do rio,
como ainda esperasse
a outra margem do verso,
como ainda escutasse
a outra fala do poema,
como ainda buscasse
um outro som no silêncio;
o outro tato do vento
me alcança,
o outro lado do poema,
ainda soletro,
a outra face de nossa canção
ainda solvejo,
a outra margem de tua voz,
ainda aprecio,
e os acordes de nossa
                           esperança
ainda me pertencem.

Poema 2013 / 20
18 / 09 /2013

quinta-feira, 3 de agosto de 2017




                                      Amanhã -  Desenho - guache - minha autoria

AMANHÃ

Pode ser que amanhã eu renasça mais belo.
Talvez, amanhã eu sorria com mais inocência.
Porque amanhã o dia será de prata
e meus meninos alcançarão o paraíso.

Pode ser que hoje minha virtude a seja a esperança,
e amanhã, minha remissão seja o amor.

Talvez, no poema, eu possa confessar o milagre.


E pode ser que amanhã eu sorria ao encontrar o merecido repouso.

26 junho 2017

domingo, 25 de junho de 2017


Quadro Jardim de memórias - 40 x 30cm - datado: jun. 2017


ALFORGE

Levo um poema e uma canção no alforge.

No alçapão, capturo, de um lado, 
teus enigmas, do outro teus sorrisos.

Cativo, continuo na vereda das horas.

Amoroso, levo outra canção nos lábios.

E no pensamento, um plantel de coisas       
sonhadas desde menino.

Não há aventura, senão na busca.

Shangri-lá não é um destino.

É um horizonte de muitas águas - 09 / jun / 17

domingo, 16 de abril de 2017



Poema 2017 / 2
11 ABRIL 17

SHANGRI-LÁ

Shangri-lá é um lugar muito distante.

Meu lugar seguro é aqui e ali,
onde existe uma promessa
uma palavra – um verso no
gesto temporário.

O poema é um endereço.
Neste endereço cabem,
entre outras coisas, sílabas
pronunciadas na infância.

Shangri-lá não é um destino.
É um rio de poucas águas

Resido aqui e ali,
             num gesto temporário.
Neste gesto ainda busco
The other side of the heaven.


NESTE DIA ÚNICO

Neste dia único de minha vida,
eu quero um abraço, um afago,
um aperto de mão amigo,
um sorriso meigo
como o que só o coração
possa entender.

Neste dia único de meus dias,
eu quero o despertar de palavras
antigas no poema,
o despertar de coisas sonhadas
 desde menino
e que ainda me fazem feliz.

Neste dia único de minha existência,
eu quero desfrutar da festa,
apreciar cada sorriso que recebo
como um sinal de paz. Paz!

23 JAN. 2017
Poema 2017 / 1

























sábado, 21 de janeiro de 2017





Poema 2016 / 13
06 / 12 / 16

Se em novembro despeço-me de Leonard,
em dezembro perco os passos de Gullar.

Os dias são de espelhos,
ora refletem a luz da manhã,
ora as sombras porque passo.

São os dias do muito lembrar.
São as horas do pouco sentir.

Aos poucos os heróis se vão,
como todo homem um dia alcança.

São os dias do muito lembrar.
São as horas e os minutos em que
deixo de ser criança.


Leonard Cohen – faleceu em 7 de novembro.
Ferreira Gullar – faleceu em 4 de dezembro de 2016.


Poema 2016 / 11
20 / 9 / 16

EM ALGUM LUGAR
Em algum lugar,
um moço toma a amada
pela mão pela primeira vez.

Em algum lugar,
um ancião segura a mão
da amada pela última vez
e ouve uma canção.

Em algum lugar,
alguém  escreve um poema
para a amada e rasga
por temer o silêncio como
                              resposta.

Em algum lugar,
alguém ouve uma melodia,
pensa ser jovem de novo
e dança solitário na casa.

Em algum lugar,
alguém lê um poema e
não encontra nele o grito
 da alegria porque está triste.

Em algum lugar,
um  pássaro pousa
nas mãos de uma criança 
e pensamos ser um anjo
anunciando as boas novas.

Porque o poema não é o
vento nas folhagens,
não é a luz nos montes,
não é a miragem na paisagem nua,
não é a sombra do dia de calor,
não é a noite sonhada no meio dia
e nem o dia sonhado à meia noite.
O poema, meu amigo, é nutrido

pelas sementes da alma.