domingo, 26 de julho de 2015


PERMEIO

Entre a fábula e a verdade,
pernoitar entre colunas.

Entre tombos e açoites,
ouvir quem  me chama.

Entre o silêncio e o fôlego,
sorver a aragem do fogo.

Entre o coração e a esperança,
tatear um mar de sementes.

Entre caminhos e descaminhos,
herdar a força para vencer.

Entre a palavra e o silêncio,
dispor desta metáfora de pátria
denominada tangência da alma.


26 / 7 / 1994


LEITURA
                                       Desenho meu de 1978 - sobre papel - caneta esferográfica.

LEITURA

Teus olhos transitam pelos

vocábulos.

Diante de tua face, o poema
te faculta sonhar.

Sendas de tua fauna secreta
te saúdam

Há uma aragem soprando teu rosto
como a um cata-vento.

Teus olhos, de repente, submergem
nos tatos das palavras.

No instante seguinte,
asas brotam de teus ombros

E renasces andorinha
sobrevoando sílabas de fogo.



16 / 8 / 1994

domingo, 5 de julho de 2015

Estado de graça

                                                      Colagem sobre papel - ano 2000

Estado de graça

23 / 6 / 2015.

Reconheço que
em estado de poesia,
uma parte de mim
alcança a outra margem de
nossa canção.

Neste estado,
os versos dançam
de um polo a outro,
alcançam as esquinas
do poema.

Neste estado,
a alma pertence
ao tempo e à graça de
uma viagem a dois.

Reconheço que
no apreço pela memória,
uma parte do dia é para ser feliz,
um poema na palma das horas esquecidas.

Neste estado,
existe um endereço retido
na lembrança, nos adjetivos de
nossa canção.

Neste endereço,
uma paisagem surge, pintada

com o melhor de nossas alegrias.