quinta-feira, 26 de março de 2020


                                                               Desenho feito por mim.
                                               
Poema 2013 / 13
18 / 06 /2013

CONFISSÃO

No poema,
quando digo você,
você não tem nome,
não tem endereço
e nem sobrenome.

Quando digo você,
você é um verso
de minha canção,
são sílabas inventadas.

Você é um pretexto,
uma invenção,
uma saudade,
um desejo na alma,
 um pensamento constante,
uma alegria que dói,
uma memória,
uma lembrança,
uma perda,
uma distância,
um sonho,
um rosto, uma sombra
na paisagem,
um ponto,
uma vírgula,
um vocativo
na estação de
meus inventos
mais queridos.
Ainda a menina
dos meus olhos.

Desenho feito por mim


Quando digo poema

Quando digo poema,
não digo apenas poema,
digo esperança, o desejo
de reter parte do mundo;
um reencontro de aves.
Digo ninho de vogais,
Um pátio sereníssimo,
um barco à mercê
do coração; digo o
desejo de ir e de
chegar, de receber
de braços abertos.

Este é meu poema,
o dia para ser feliz,
para ouvir tua voz,
um tempo para
sondar os segredos
de teu rosto;
mirar teus olhos
como antigamente.

Quando digo poema,
digo o desejo de amar
 e ser amado,
de soltar a vela,
o barco ao vento,
o remo na alma,
e este dia, nesta
hora, neste momento,
você e eu
como antigamente.

Poema 2011 / 8

27 / 09 / 11


Colagem feita por mim.


Poema 2020 / 4
26 / 03 /2020

Onze dias de isolamento.
Tarde de outono.

Nestes dias reaprendo a brincar.
Busco coisas escondidas.
Coisas que esqueci que existem.

O sonho de menino ainda é meu primeiro paraíso.
Nele ainda é possível iniciar um dia perfeito.

Já dizia o poeta: “ hoje é um bom dia para começar novos desafios.” 
Eu digo: hoje é um bom dia para iniciar novos alaridos de esperança.

* Carlos Drumond de Andrade

segunda-feira, 23 de março de 2020

Tarde de março - Dias de isolamento




23 / 03 /2020

Tarde de Março.
Tarde de isolamento

Sombras no jardim.
Uma paz no vento suave.
Num canto, o sol trespassa folhas verdes da taioba.
Nos vasos, plantas aguardam o toque da luz.
Vez por outra, um passarinho chega, canta, salta nos galhos, serve-se de pitangas e sai sem se despedir.
Mais tarde, uma curruira faz estação no muro do jardim. Não se cala. Faz festa e não convida ninguém.



Poema 2019 / 2
05 Abr. 2019
GRATIDÃO
Pelas três orquídeas do jardim,
sou grato.
Pelas frutas em suas estações,
elevo minha voz.

Pelas manhãs e suas promessas,
sinto esperança.

Pelos pássaros no jardim,
aceno à infância.

Pelo abraço das meninas,
sinto alegria.

Por ouvir a voz da amada,
ouço o coração.

Pela presença dos amigos,
sou mais forte.

Pela esperança de ser feliz,
escrevo este poema.

PS. Pela promessa de teu sorriso,
fico mais jovem.



Poema 2019 / 9
03 Ago 2019

Eu queria escrever poesia
Como se veste todo dia

Você está nú e coloca a roupa
E pronto. Está vestido.

Mas não é assim.
Primeiro, que o poema
é um território de inventos,
e para encontrar este território
a alma deve estar leve
despida de qualquer adereço.

Segundo, que o primeiro verso
é uma licença, uma semente
ainda a ser arremessada,
com a esperança de encontrar
um solo fértil.

Terceiro, que a palavra,
ás vezes, é ave pousada,
não alça voo.
Adormece, doce, calma,
um corpo nú, despido de anseios,
Sonha horizontes, sem voar.








Poema 2019 / 7
24 Jun. 2019


Meu nome
Meu nome não é José?
Meu nome é José?
José é meu nome?
José não é meu nome?

Poderia ser José meu nome?
Poderia ser meu nome José?

Eu poderia ser José,
se acaso eu não fosse José.

Mas eu sou José.
E por ser José,
José é meu nome.