quinta-feira, 12 de novembro de 2020

 


                                          

Oferenda - poema de 1996.
Trago aqui o coração
Que, de tanto amar, ofertei-o
Em pequenas doses,
às nuvens e aos recantos das aves.
Trago aqui as mãos vazias,
Pois ofertei o orvalho
De manhãs antigas
Que possuía em meus dedos de água.
Trago aqui os olhos ansiosos,
Como cestos incompletos
Para saciá-los com meu desejo
De colher frutos neste imenso
Pomar de poeta.
Trago aqui no corpo, como de pedra,
No silêncio que a vida vai cortando,
fatias de meu nome sob as águas,
Sobra de meu pranto.
E , na alma, um jardim,
Repleto de flores
E cristais sonoros
Que nunca doei, por serem escassos.

segunda-feira, 9 de novembro de 2020

 



Poema 2020 11

28 / 10 /2020

 

Qual predicado ficará?

 

Qual a lembrança mais forte?

Do que vem e do vai,

Do que fica e do que se despede?

 

Na balança da vida

 O que fica é o desejo, é a busca,

é o amor, é o romance,

 é o ganho e a perda, o dia feliz e o dia triste.

 

Fica a marca, a cicatriz,

Fica o gesto, e a palavra,

O poema e o silêncio

 

O encontro e a despedida, tudo na medida do viver,

Na medida da gratidão, na medida da alegria

De um dia poder ter dito:

- é bom estar aqui.


 



Poema 2020 /10

27 / 10 /2020

 

O meu poema me diz: é bom estar aqui.

A minha alegria me diz: é bom ter você aqui.

 

Na minha canção, a poesia me diz: é bom você estar aqui.

No meu jardim, a minha flor me diz: é bom estar aqui.

 

Nos meus caminhos, eu vi o mundo, por estar aqui.

Na minha coleção de coisas antigas escrevi: foi bom estar aqui.

 

Quando eu não mais estiver aqui, outros dirão: foi bom ele ter estado aqui.

 

Tornei-me aprendiz de poeta, por estar aqui.

 

Tabatinga: diante do mar e sua imensidão azul, meu coração me diz: é bom estar aqui.