domingo, 27 de dezembro de 2015

POEMA PARA MARIANA


01 / a 26 / 12 / 2015
POEMA PARA MARIANA
I - Agosto.
Descansas sob o céu de Minas.
Um silêncio nos vales.
Risos de crianças.
II - Setembro.
És Mariana.
Estas sob as maravilhas da primavera.
Descansas sob as árvores.
Amantes andam em suas pedras.
Tranquila.
Estás sob as montanhas.
III - Outubro

Modesta.
Estás sob as bênçãos dos santos.
Bela.
Repousa sob o voo dos pássaros.
Alegre.
Estás sob os céus da Pátria.
Poética.
Estás sob as graças dos poetas.
IV - Novembro
Não há descanso sob as árvores.
Não há árvores!
Mariana.
Estás sob a lama.
Intranquila.
Onde estão teus filhos?
Onde estão as bênçãos dos santos?
Onde estão os pássaros?
Onde ficam as sombras das montanhas?
Onde estão tuas árvores?
Não há nenhuma canção em teus vales.
Já não há poesia e não há graça!
José Benedito Maciel.

domingo, 13 de dezembro de 2015


POÉTICA
 
                                                      Colagem em, papel A4. Ano 2000

                                                                                               POÉTICA

Vento na janela,
silêncio na tarde,
e mimos no jardim.

Avencas no muro,
espaço com flores,
e teu sorriso para mim.

Notícia de amor,
retrato na parede
e cheiro de jasmim.

Brilho na alma,
palavras de poeta
e folhas de alecrim.

Alguém na porta,
brilho nos olhos
e notícias para mim.

Folhas de agosto,
chuvas de setembro
e um outubro sem fim.

Olhos de menino,
coração de poeta
Novembro é mesmo assim.



José Benedito Maciel – 23 nov. 2002

sábado, 5 de dezembro de 2015


 Composição com círculos II - Papel A4 - colagem e desenho

POETA

21 / 5 / 93

O poeta se alimenta de brisas.
Raios de sol são seus vestidos.
De verde e de azul são suas mãos.

Seus passos conduzem sonhos,
seus olhos são pássaros livres,
borboletas pousam em suas orelhas;
No seu nariz, nasce um ramo de jasmim.

De sua testa floresce uma rosa,
De seu corpo emana mel e horizontes.
De seu peito vertem rios de águas tranquilas.


Mas seu coração,
Seu coração é uma eterna dor.

domingo, 22 de novembro de 2015



MENINO -                    Desenho de 1976 - caneta sobre papel A4.

MENINO

Ainda não descobri o segredo das estrelas
e não consigo ver o resultado das coisas simples,
nem o significado de toda beleza.

Estou vivo.

Sou aprendiz de cada manhã. 
Busco a decifração por palavras e esperança
e minhas descobertas completam o meu dia.

Sonho toda noite.
Ainda estou vivo.

Busco a equação do amor e meu Deus é cheio de bondade. 
Capturo outros segredos na palma do vento
 e minha explicação é que faço de cada poema minha pátria.  

Continuo vivo

ainda como um menino.   19 / 11 / 2015

domingo, 8 de novembro de 2015



Poema Paisagem.

                                                  Colagem - ano 2000 - Folha A4.
PAISAGEM

Uma canção no corpo,
Um assobio na alma,
Uma palavra nos lábios,
Um poema em cada mão;
Nos pés um ramo de esperança.

Um verso voltado para as montanhas.
Um rosto voltado para a lua.
Os olhos voltados para os pássaros.

O corpo recebe uma brisa como um presente.

Agradeço às coisas pequenas, por me ensinarem humildade.
Agradeço às sombras e cinzas, por me ensinarem que tudo tem um fim.

Imagino as notas de nossa canção e vejo você em cada paisagem sonhada desde a infância.

O tempo avança. Já não há corpos. São barcos movidos por esperança e gratidão.


A gratidão é um amor não esquecido.  24 / 09 / 2015

sábado, 12 de setembro de 2015

                                         Colagem - folha A4 - ano: 2000


Poema 2015 / 23

12 / 09 / 2015.

ACALENTO

Estou em busca de um acalanto.
Me perco no novelo das horas,
no apelo do corpo que pede alforria.

Espero que o canto destas aves
não desperte nem as lembranças,
nem o gesto, nem a noite, 
nem o recinto deste templo de salvação.

Estou em busca de uma melodia,
de um verso que me liberte.
Estou escasso de sorriso.
Hoje careço de adjetivos.

Minha carência é por não saber,
por ter esquecido, a  linguagem
da inocência.

O silêncio é uma resposta!

domingo, 9 de agosto de 2015

Pai e filho - Desenho sobre papel. Tamanho A4. Ano 2000.

MEMÓRIA

29 dez. 2007

Parecia tão fácil ser feliz.

Meu pai me dizia:
- Olha as estrelas como são lindas,
- Venha ver os ovos de passarinhos,
- Vamos caçar algumas aves, eu e você,
- Amanhã colheremos girassol e algodão.

Minha mãe continuava o paraíso:
- Eu gosto mesmo é de chá de hortelã,
-  Vamos fazer bolo de fubá com camomila,
- Vamos assar pão no forno de barro,
- No domingo, vamos na casa da vó.

Tudo era tão simples.

Tudo tinha um endereço:
A alegria de ser feliz.

Uma vez, comemos mamão maduro,
Eu e meu irmão, trepados no mamoeiro.

Morávamos na roça.
Um dia, meu pai disse: -Vamos para a cidade.
- As crianças precisam estudar.

Foi assim que comecei as minhas lições de poeta, aos doze anos.

domingo, 26 de julho de 2015


PERMEIO

Entre a fábula e a verdade,
pernoitar entre colunas.

Entre tombos e açoites,
ouvir quem  me chama.

Entre o silêncio e o fôlego,
sorver a aragem do fogo.

Entre o coração e a esperança,
tatear um mar de sementes.

Entre caminhos e descaminhos,
herdar a força para vencer.

Entre a palavra e o silêncio,
dispor desta metáfora de pátria
denominada tangência da alma.


26 / 7 / 1994


LEITURA
                                       Desenho meu de 1978 - sobre papel - caneta esferográfica.

LEITURA

Teus olhos transitam pelos

vocábulos.

Diante de tua face, o poema
te faculta sonhar.

Sendas de tua fauna secreta
te saúdam

Há uma aragem soprando teu rosto
como a um cata-vento.

Teus olhos, de repente, submergem
nos tatos das palavras.

No instante seguinte,
asas brotam de teus ombros

E renasces andorinha
sobrevoando sílabas de fogo.



16 / 8 / 1994

domingo, 5 de julho de 2015

Estado de graça

                                                      Colagem sobre papel - ano 2000

Estado de graça

23 / 6 / 2015.

Reconheço que
em estado de poesia,
uma parte de mim
alcança a outra margem de
nossa canção.

Neste estado,
os versos dançam
de um polo a outro,
alcançam as esquinas
do poema.

Neste estado,
a alma pertence
ao tempo e à graça de
uma viagem a dois.

Reconheço que
no apreço pela memória,
uma parte do dia é para ser feliz,
um poema na palma das horas esquecidas.

Neste estado,
existe um endereço retido
na lembrança, nos adjetivos de
nossa canção.

Neste endereço,
uma paisagem surge, pintada

com o melhor de nossas alegrias.

domingo, 28 de junho de 2015

Preciso escrever minha melhor canção.
                                            Vendo o mar - guache sobre papelão. ano 1971

Poema 2015 / 17

Preciso

22 / 6 / 2015.

Preciso escrever minha melhor canção.
Preciso ler meu melhor poema.
Rever nossas melhores fotos.
Preciso reinventar os dias de nossas alegrias.
Caminhar como quem busca o paraíso.
Preciso beijar teu rosto todos os dias 
para não esquecer nossas melhores estações
Preciso dizer que amo e preciso amar de verdade.
Preciso doar tudo para receber tudo, 
antes que venha o dia do silêncio final 
quando tudo já terá sido doado e nada terá sido em vão

domingo, 21 de junho de 2015

Poema 2015 / 13

11 / 6 / 2015.

Tecemos

Tecemos as amarras do muito esperar.
Tecemos o som e o calor da fé.

Recriamos as veredas da infância.

Quando estamos fora de nosso paraíso,
lançamos os braços em busca
dos frutos que já não existem.

Tecemos nossa âncora com fios de esperança.

Andamos de mãos dadas e recriamos nossos segredos mais doces.

Tecemos a memória do amanhã quando nos encontramos e nos beijamos.

Reaprendemos a poesia das coisas simples de cada dia.


Poema - Ainda não é o paraíso
                                   Quadro sonho possível.  Colagem sobre tela. 50 x 40 cm - 2014

Ainda não é o paraíso.

07 / 6 / 2015.

Nem mesmo sonhamos a viagem,
mas aqui estamos nesta jornada
de braços estendidos, asas abertas, 
coração de menino, veias grossas de esperança.

Nem mesmo cremos no dia que viria, 
mas aqui continuamos neste sonho, 
de olhos abertos, com pés que doem 
por cruzar o caminho de pedras.
Sempre há uma pedra no caminho.

Sempre há um desvio, um esforço extra, 
para se alcançar a outra margem. 
A outra margem. Do outro lado: o paraíso. 
The other side of the heaven!


Prosseguimos!

domingo, 7 de junho de 2015

O poema sustenta o paraíso
                                                                          Colagem e pintura em folha A4.


Poema 2015 / 11


O poema sustenta o paraíso

07 / 6 / 2015.

O poema sustenta a esperança.
Nele o verso contém a forma de uma ave.
Alçamos voo!

Nele ( no poema ) somos pássaros.
Alcançamos o outro lado do paraíso.
The other side of the heaven.

Saciamos nossa sede na palavra amor.
Porque ela é viva. Possui quadratura e espaços infinitos.

Saciamos nossa fome no verso amigo. 
Porque ele possui os verbos da esperança.
Possui objetos que circulam entre nossos frutos desejados.

O poema sustenta nosso paraíso!


Our side of the heaven!
Não sei quantos verbos são necessários para ser feliz.



Poema 2015 / 7

02 / 4 / 2015

Poema

Não sei quantos verbos são necessários para ser feliz.

Nem sei quantos versos completam um poema de amor.

Não sei quantos temperos são necessários para compor nossa alegria.

Nem quantos adjetivos pertencem ao verbo perpetuar.

Quantas manhãs pertencem ao verbo recomeçar, ainda não descobri.

Mas, talvez, duas coisas eu saiba:
é que para o poema são necessários dois momentos, o momento da escrita e outro no espanto da leitura e que agora aos sessenta, ainda carrego as esperanças da infância.

sábado, 6 de junho de 2015

Gratidão. Poema e pintura



                                          Pintura sobre papel A4. Ano:200
Gratidão

06 / 6 / 2015

Sinto falta de escrever um poema. Qualquer coisa.
Mesmo que seja um verso para dizer: Estou vivo!

Nunca pus um fim na palavra amor,
porque a esperança nunca morre.
Está na respiração,
está em cada passo e mesmo
nos degraus deste templo,
nas pedras em que pisamos,
nas sombras que deixamos de notar, 
por ser tão intensa a luz diante do altar de Deus.

Existem tantas coisas para serem lembradas com ternura,
Guardadas a tantas chaves quantas possíveis.
Seguras no lugar único onde podemos dizer: Sou grato!

E por saber que existo por um milagre,ser grato é minha redenção

domingo, 10 de maio de 2015


Para que serve um poema?
17 / 4 / 2015

Para que serve um poema?
Para que serve uma árvore?
Para que serve uma nuvem?
Se tudo caminha para um fim?

Mas qual é o fim? – Um buraco negro, 
ou a luz do paraíso?


Esqueçamos o fim. O milagre está no agora. 
Porque, no poema, 
estou sempre alçando meu voo; 
e nos versos de nossa canção, 
tecemos nossas vestes de eternidade!







Página de meu livro de colagem de 2013. outubro de 2013.

sábado, 18 de abril de 2015

O  poeta em doze meses.

16 Abril de 2015

Entrou em janeiro de portas abertas;
em fevereiro andou no ritmo das horas festivas;
Para março reservou sua melhor história de amor;
No mês de abril colheu as últimas frutas do quintal. Era outono.
Em maio desocupou espaço para preenchê-lo com novas palavras;
Para junho alugou uma casa de campo para apreciar os pássaros;
No mês de julho, saiu para conquistar novos horizontes;
Já em agosto, se acomodou nas sombras do inverno;
Em setembro sentiu que poderia amar novamente. Era primavera.
No mês de outubro sonhou que era criança;
Em novembro, chorou ao lembrar dos antigos;

Em dezembro fez um reforço na esperança 
para que ainda houvesse portas em janeiro. Já era verão.


sábado, 21 de março de 2015

Romeu e Julieta - 1985. Tamanho A4 -

Poema 2015 / 3

15 Jan. 2015 – Ubatuba

Enquanto escrevo estas linhas,
refletidas nelas estão outras linhas
de outras infâncias.

O que no poema não está,
encontra-se preso 
nos canteiros do coração.


O que o verso não diz, 
escrito está nos vazios entre as palavras.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015



Lembrando você. 1976 - desenho sobre papel - lápis de cor, giz de cera, caneta esferográfica. Tamanho - Folha A4.

Poema: 

Pertences

13 Jan. 2015 – Ubatuba

Que parte da palavra me pertence?
A que parte do poema pertenço?

Em que endereço estão meus versos?

São tantas as vertentes.
São tantos as esquinas.
São tantos os esquecimentos!

São tantos os dias vazios – o poema não nos visita.

São tantas as coisas que de fato não nos pertencem.
Porém,
são tantas as coisas que sempre nos pertenceram.

Eu.

eu, de fato, pertenço ao tempo único de nossa canção.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Quadro feito por mim de novembro a dezembro de 2014. título: "Sonho possível" - Colagem sobre tela de 50 x 40 cm.



Poema 2015 / 2

Celeste

14 Jan. 2015 – Ubatuba - SP - Brasil

Depois do banho, seu cabelo
se enrola em espiral na nuca,
como uma cifra, uma clave de sol,
e nossa canção prossegue
num beijo suave seguido de
sorrisos.

Basta o momento para o poema
Prosseguir.

Basta o adereço inesperado
para surgir a canção
que nos conduz ao céu

          que nos pertence.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015



O poeta está sempre renascendo - Colagem e guache sobre papel - 1998 -



Poema 2015 / 5 - 22 jan. 2015.

O poeta está sempre renascendo

O poeta está sempre renascendo.
Há nele um fermento novo, um adubo,uma terra fértil, uma intenção,uma palavra no cio.

O poeta está no seio das coisas
imaginadas por aves em pleno voo.
O poeta está ainda nos frutos da infância, nos acenos dos antigos.

Ainda nas cortinas da invenção,
de janelas abertas.Um manancial
de sílabas retidas até o momento
da floração!

Uma água que corre nos adjetivos das canções.Tece nos barulhos do verso as amarras e o som de uma nova estação sob as bênçãos do arco-íris.

O poeta, no que fica e no que vai, na batida das horas, nas lembranças do amor e no silêncio do descaso, nisto e em tudo,

constrói os alicerces do poema,
o poema que completa o dia. Eu falo do poema, daquele que enche tua alma de coisas já esquecidas.


José Benedito Maciel